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Jacinta Marto
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Semana nacional das famílias: Quando o trabalho deixa de ser uma benção para a família?
Nesta semana em que a Igreja celebra a Semana Nacional das Famílias, pais, mães e filhos católicos de todo o país têm uma oportunidade de repensar a realidade em que vivem. Nos dias de hoje, uma dessas questões é a extrema valorização financeira que se confere ao trabalho, esquecendo sua outra e principal dimensão: o trabalho é uma benção.
A importância financeira do trabalho para a família é indiscutível, uma vez que dele vem os recursos para que a família possa se manter. Para o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Wladimir Porreca, a dificuldade aparece quando enxerga-se o trabalho apenas como fonte rentável.
“O grande problema que nós temos é que o trabalho foi colocado com uma dimensão de dinheiro, de ganho, de lucro, essa é a problemática maior que nós enfrentamos na modernidade. Por isso que o trabalho, às vezes, torna-se pesaroso, aquela condenação de que com o suor você vai ganhar o seu pão”, disse o padre.
Mas não foi essa a vontade de Deus quando Ele institui o trabalho ao homem. De acordo com o padre, o trabalho, no princípio, era entendido como uma benção, uma ordem do criador, mas à medida que a pessoa não coloca o trabalho a serviço do ser humano, isto dificulta os relacionamentos, de modo particular na família.
“O trabalho vai assumindo então uma posição que não é dele. Ao invés de ele estar a serviço, por exemplo, do ser humano, dos relacionamentos familiares, ele passa a ser o principal e todas as situações da família vão sendo condicionadas pelo trabalho, que é o que nós chamamos de ‘ditadura do trabalho’. Aí de fato o trabalho não se torna uma benção para a família, mas um meio de escravidão da própria família”.
Trabalho: imagem que se passa
Além das implicações para a convivência familiar, o padre atentou para a forma como os pais vão transmitir essa ideia de trabalho aos filhos. O presidente da referida Comissão, Dom João Carlos Petrini, já destacou algumas vezes que o homem se realiza no amor e no trabalho. Para padre Wladimir, a satisfação com o trabalho é, sem dúvida, um exemplo para que a criança entenda desde cedo o valor desta atividade.
“O maior trabalho que nós temos é o amor, amar e ser amado, essa é a essência do ser humano. A criança educada no sentido dos valores e o trabalho como um dos recursos para atingir o valor maior que é o amor, ele se torna uma benção muito grande”
No entanto, o padre explicou que se o trabalho é apresentado à criança como uma mera atividade para ganhar dinheiro, ele se transforma em um desafio que vai sendo tomado pelo egoísmo e individualismo. “Assim nós vamos perdendo essa dimensão bonita da construção do trabalho a serviço da pessoa humana”.
Família e trabalho, como conciliar?
Sendo um desafio, muitas pessoas se perguntam qual é a melhor maneira de conciliar as atividades familiares com as trabalhistas, de forma que ambas sejam fontes de alegria. Sobre essa questão, padre Wladimir recordou as palavras do Papa Bento XVI no VII Encontro Mundial das Famílias em Milão, realizado de 30 de maio a 3 de junho deste ano.
“Uma das famílias, na noite dos Testemunhos, perguntou isso ao Papa. Ele dizia que ambos, tanto pai quanto mãe, devem colocar o trabalho a serviço da família. Então ter esse cuidado de não entrar nessa busca frenética do ‘ter cada vez mais’, um consumismo que não tem limites”.
O padre acrescentou às palavras do Santo Padre o fato de que, na vida cotidiana, também é necessário reconhecer que, às vezes, é preferível ter menos recursos e mais relacionamentos. Muitos pais se preocupam em dar tudo de melhor para seus filhos, mas o mais importante, segundo o padre, nem sempre são os bens materiais.
“O melhor presente que um pai e uma mãe podem dar para seu filho são eles mesmos. É claro que os pais devem favorecer as condições necessárias, mas sem deixar de lado a primazia do relacionamento humano”.
Fonte: cancaonova.com
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