Amados irmãos e irmãs, neste final de semana estamos iniciando mais um Ano Litúrgico na vida da Igreja. Costumo dizer que, nós cristãos católicos, temos dois calendários diferentes: o calendário anual – secular – que se inicia a cada 1º de janeiro e o calendário litúrgico, que inicia no 1º Domingo de Advento.
Para nós católicos, este final de semana é ano novo, é ano litúrgico novo, que somos, pela Igreja, convidados a nos prepararmos para a grande visita (advento) daquele que virá: o Salvador, Cristo Jesus, que virá no Natal, assumindo a nossa humanidade, nascendo de uma Virgem, se fazendo igual a nós em tudo – exceto no pecado – para redimir a cada um de nós. Mas a pergunta é esta: Jesus já não veio? Como assim: Jesus nos visitará novamente? Vamos meditar sobre esta visita nestes quatro Domingos do Advento.
A Palavra deste final de semana nos ajudará a entendermos esta vinda de Jesus, sendo que Ele já veio.
Na 1ª leitura, do profeta Isaías, percebemos que ele, o profeta, emite uma profecia que, humanamente falando, é incabível para o momento histórico do povo de Judá. Judá encontra-se cercada de todos os lados; os povos vizinhos estão unidos para invadir e destruir Judá. Do rei Acáz até o último do seu povo, todos estão tremendo de pavor e medo, pois sentem o cheiro da destruição e da morte que estão eminentes. É neste contexto que Isaías profetiza, dizendo que as armas se transformarão em objetos de cultivo; que Jerusalém – a capital de Judá - será elevada sobre todas as montanhas, cidades e lugares, e todos os povos a ela acorrerão… Humanamente falando, um absurdo tal profecia. Mais ainda, passaram-se aproximadamente 2500 anos e esta profecia ainda não se realizou. O que dizer sobre isso?
O milagre da profecia de Isaías, para Deus, é uma via de mão dupla, ou seja, para que isso aconteça, é preciso que cada parte faça a sua parte; para dizer que, no que depender de Deus, esta profecia já está realizada, basta a cruz redentora a nos dizer e informar; todavia, no que depende do ser humano realizar a sua parte, Deus não moverá uma pena para fazer o que cabe a nós. Deus não fará aquilo que diz respeito a nós fazermos, pois Ele respeita a nossa liberdade; o amor é proposta, convite, oferta… Se não quisermos, Deus não quererá por nós.
No evangelho, vemos a resposta de um povo que não quer o milagre e, por isso, não faz a sua parte. Na primeira impressão que temos, parece que Jesus está falando de uma destruição escatológica que dentro de pouco tempo acontecerá; não, Jesus está falando daquilo que acontece quando não vigiamos; o que significa vigiar – e aqui está a alma da liturgia deste final de semana? Vigiar – tema deste 1º Domingo do Advento – significa acolher o Cristo que constantemente vem e está em nosso meio, mas que devemos reconhecer e sua presença e devemos colaborar para que constantemente venha e se faça justiça, amor, fraternidade.
Sim, este Jesus que veio virá com poder e glória e aí será o fim de tudo aquilo que compete a este mundo. Todavia, até lá, Ele – constantemente – continua a vir, mas se fará presente se fizermos a nossa parte no milagre. Jesus está, mas façamos a nossa parte na vivência do amor, da justiça e da solidariedade, para que Ele se faça visível e presente em nosso meio, em tantos corações que ainda não O conhecem.
Padre Pacheco,
Comunidade Canção Nova.
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